quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Parte 1


Era uma vez um Pirata faceiro perdido no mundo, não só no mundo, mas principalmente nas lembranças dos tempos de glória onde pilhar a riqueza alheia era diversão e alimento recorrente para sua castigada alma.

De tempos em tempos aproveitava a fertilidade de seus pensamentos para viajar no mágico enredo de sua aventura final.

Sonhava encontrar o grande tesouro, a recompensa para seus dias de mar e solidão. A aposentadoria da eterna caça aos tostões teria de ser épica e apenas uma grande aventura lhe valeria o descanso de suas atividades, já não lhe bastava a conquista de ouro aos kilos, de ouro faltava-lhe apenas a chave.

E foi sonhando que os anos de sua vida passaram em fúria, agora era mais velho do que imaginava e sem nenhuma paciência para esperar que algo especial lhe batesse à porta.

Doía no fundo do seu encardido coração ter a plena certeza que seu capricho na escolha do grande momento havia afastado anos de paz e de tranqulidade merecidas a quem tanto se dedicou ao acúmulo.

Sentia que era necessário mudar em função de si mesmo e da agora longínqua conquista, foi refletindo em uma de suas paranóias etílicas que decidiu dar um bom tempo nos recorrentes goles de rum e perceber os recados trazidos pela vida.

Na manhã seguinte a sua noite crucial acordara como um menino: feliz, empolgado e com uma simpatia que lhe tivera sido peculiar apenas no auge de suas descobertas, sabia que naquele dia muita coisa mudaria.

Ao acordar fez suas preces, repetidas muito mais por superstição que fé, e pôs-se a navegar na companhia de.... bem já não possuía marujo ou companhia alguma, seguiria em sua aventura perfeita sozinho e talvez até feliz por isso.